terça-feira, 13 de novembro de 2007

Vida de adulto

Quebrei.
Estava sem dinheiro quando encerrei minha vida de piloto e, apesar de estar com apenas 23 anos, já tinha família pra sustentar.
Oficialmente havia entrado para a vida de adulto.
Foi quando fui trabalhar de empregado e voltei a ter Landau, na época um carro fora de linha, mas luxuoso (referência até hoje) e, devido à crise do petróleo, mais barato que uma Mobilete 0Km. Um absurdo!
Eu não tinha dinheiro para abastecê-lo, então instalei um "Rodogás" com 2 butijões e rodava o dia inteiro!
Meu Landau era um sucesso! Requisitado inclusive para levar noivas ao altar!

Escort


Foi neste Escort que encerrei minha carreira de piloto.

Foi com ele que corri as 12 HORAS DE GOIÂNIA, as 1.000 MILHAS DE SP, o CAMPEONATO GOIANO DE MARCAS E PILOTOS, entre outros... Aliás, era neste último que eu estava quando essa foto foi tirada.

Eu fazia uma bateria e Elpídio outra. Nesta hora, eu tinha acabado de ser ultrapassado pelo Laércio Justino, e estava em segundo lugar.

Última Prova

Minha fase de corridas foi emocionante. Era uma época especial, onde o talento dos pilotos e de sua equipe, além do desempenho dos carros, eram mais importantes que qualquer coisa. A magia ainda era maior.

O público era uma atração à parte. As provas eram verdadeiros acontecimentos nas cidades. Famílias inteiras iam prestigiar o evento e faziam a maior festa, com direito à churrasqueiras e barracas para passar a noite.

Luiz Evandro "Águia" com seu Opala, nas 1.000 Milhas de 1983.

Éramos jovens, e pra gente tudo era festa também. Lembro que na época, já considerávamos vitória passarmos na vistoria. Uma vez bati o carro durante os treinos e acabei com a frente. Eu e minha equipe usamos cada segundo restante pra tentar fazer uma emenda e preparar o carro a tempo de correr a prova. Conseguimos, mas como ficou parte de um carro e parte de outro, não passamos. Só dava marmanjo chorando igual criança. Acho que eu mais que todos!

Meus amigos eram minha equipe. Melhor dizendo: minha equipe eram meus amigos! Os caras não ganhavam um tostão pra participar, mas me acompanhavam pra todo lado tendo apenas a alimentação, transporte e hospedagem. Eram tão doidos por carros que isso bastava. E foram primordiais pra mim, tornando aquela época ainda mais especial!

Hoje eu não tenho mais noção de quanto custava cada corrida pra mim. Era uma época diferente. Ainda por cima pude contar com meu pai e desde cedo me virei como empresário - tive oficina, fábrica de tampa cega, lanchonete...

Mas os tempos mudaram. Como já contei, a lanchonete que tinha em sociedade com meu pai teve que sair do ponto privilegiado de onde estava e foi para um endereço nada favorável, o que fez com que fechássemos em pouco tempo. Eu tinha acabado de casar e já tinha família pra sustentar. Não podia mais me bancar como piloto.

Encerrei oficialmente minha carreira na prova das 1.000 Milhas de São Paulo, a mais tradicional do Brasil, em 1988.

Meus companheiros de corrida foram o Elpídio, claro, e Júnior Mercúrio.
Camillo Christófaro - "O Lobo do Canindé" - com o Opala no qual correu pela última vez, nas Mil Milhas de 1989

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Um grande amigo



Esse é o Elpídio Luís Brandão Neto, meu parceirão de corridas e um grande amigo que tive a felicidade de reencontrar depois de tantos anos.
Agora o número 29 pertence ao filho dele, Hélio Brandão, vencedor na categoria Turbo B das 3ª e 4ª etapas do Campeonato Goiano Km de Arrancada.

Tá no sangue!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Vida de Piloto - The End (???)

Como nada é perfeito, lembro de um acidente em que me envolvi durante essa época. Não lembro bem qual ano, mas já foi no final da minha carreira. Durante uma das provas, um piloto - melhor não citar o nome - bateu em mim de propósito pra me tirar da pista. O carro acabou! Mas eu, de cabeça quente, consegui voltar à pista, esperei esse cara e fui com tudo pra cima do carro dele!

Nem preciso dizer que fiquei suspenso por 6 meses, o que esfriou muito minha empolgação com as corridas automobilísticas. Essa época coincidiu com a falta de dinheiro para as corridas, o que dificultava tudo ainda mais. Foi quando decidi parar.

Mas antes de parar de vez, fui chamado pela equipe Santillo como piloto convidado em uma prova. Fiz a tomada de tempo, tudo! Mas, na hora, não sei o que me deu. Ao contrário de tudo que eu sempre fiz, não dei o meu máximo. Cheguei em 3° lugar, mas sabendo que poderia ter feito bem melhor. Se eu tivesse chegado em último lugar, exigindo tudo que eu podia dar, eu teria ficado muito mais orgulhoso de mim.
Mais do que para os dois que chegaram na minha frente, perdi pra mim mesmo.
Nunca mais voltei às pistas.

Na época estava passando por um sério aperto financeiro, pois a lanchonete que eu tinha teve que mudar de lugar, o que diminuiu demais o faturamento. Então tive que trocar o Santana último tipo que eu tinha e acabei vendendo todo meu equipamento de corrida para o piloto Ezequias Aguiar, o Quequé.

Minha carreira de piloto estava definitivamente encerrada.

XR3

Minhas provas eram todas "PAItrocinadas" e, numa delas, estavam rifando um Escort XR3. Como nunca ganhava nada em rifas e outros tipos de sorteios, eu não queria sequer comprar o bilhete. Até que me falaram que o carro ia sair para o último número sorteado, não para o primeiro, como é de praxe.
Os pilotos estavam pegando os números de seus carros, por isso, apesar de ter decidido comprar um bilhete de última hora, consegui pegar o número do meu: 16.

Ganhei.

Decidi então correr pela Ford. A princípio, dei preferência às provas longas: 12 Horas de Goiânia; 1.000 Milhas de São Paulo; 1.000 Km de Brasília; 500 KM de Brasília. Foi numa dessas que conheci o Elpídio Luíz Brandão Neto, na época piloto brasileiro de Stock Car. Brandão e eu decidimos unir forças e voltei ao Campeonato Regional de Marcas e Pilotos. Entrei com o carro e a equipe e ele com o patrocinador: a Ciaasa, Concessionária Ford de Goiânia.

Nós disputamos a liderança o Campeonato todo com a dupla Laércio e Ananias Justino, patrocinados por Leites Manacá. Fomos campeões em segundo lugar. Quero dizer, chegamos tantas vezes em segundo lugar que não teve pra ninguém!

No Campeonato seguinte, além de brigar pela liderança com Laércio e Ananias Justino, disputamos também com Carlinhos Santillo e seu parceiro. De novo 2° lugar.

Campeonato Regional de Marcas e Pilotos

84 foi meu primeiro ano de Campeonato Regional e o primeiro ano que o Campeonato foi de 1.600 cc. Cheguei em Goiânia disputando a primeira prova mascarado. Tinha carretinha, equipe e o único 1.600 a água era o meu. O restante era a ar (a maioria Fusca e Brasília). Claro que dei show na primeira prova, chegando até a dar umas maneiradas pra não acelerar demais! Só esnobando!

O que eu não sabia era o quanto realmente aquele pessoal investia. Na segunda prova eles abandonaram os Fuscas e Brasílias e os outros carros refrigerados a ar. Dali em diante só dava Passat, Voyage, Gol...

Aí ficou beeem mais complicado vencer...

sábado, 15 de setembro de 2007

Eu, Piloto.



Depois da minha estréia, fiz mais 8 corridas no Campeonato de Hot Dodge daquele ano. Os resultados foram medianos, eu estava sempre entre o 6° e o 10° colocado. Mesmo assim, a experiência estava fazendo com que me apaixonasse cada vez mais pelo automobilismo.
(Obs.: preste atenção ao LTD da foto. É aquele marrom que me deixou decepcionado.)

Como já contei, na época meu pai era proprietário de uma imobiliária - a Samara Imóveis- e no térreo, havia a JR Automóveis, uma agência onde eu passava boa parte do meu tempo. Foi neste período que meu pai achou que eu devia começar minha vida de adulto, o que significava, para ele, que eu devia ter um carro para negociar, já que meus interesses pendiam mais para esse lado.
Foi quando ele me deu um Opala 80. Deixei este Opala na agência e fui negociando várias vezes, trocando em vários carros, fazendo dinheiro, até comprar um Passat 79, que desmanchei todo e transformei em carro de corrida. Foi nesse Passat que ganhei a primeira prova do Campeonato de Marcas e Pilotos que eu participei, já em 1984.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Minha Vida de Piloto

Minha vida de piloto era dureza! Lembro que, no início, eu não tinha grana suficiente pra abastecer o carro de álcool para as corridas, então fazia de tudo pra economizar. Inclusive deixava de comer meu pão com salame e tomar meu refrigerante pra segurar o dinheiro! Ficava sem o lanche, mas o carro tinha combustível!
Minha primeira corrida tinha tudo pra ser marcante. E foi! Não do jeito que eu esperava, mas...
Fiz a tomada de tempo e larguei em 6° lugar. Nada mal para um garoto em sua primeira corrida! Cheguei em 6° me achando o máximo, afinal, ninguém tinha me ultrapassado! Estava me achando quando encontrei meu pai, que disse:
"_Pô, você não ultrapassou ninguém!!!"
Fiquei arrasado!!!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O início da minha vida de piloto

Com esse Dodge, minha empolgação com o V8 foi tamanha que resolvi ser piloto de corridas e comecei a correr no Campeonato de Hot Dodge Centro Oeste, com pilotos de Brasília e Goiás. Comprei um outro Dodge, um Charger 76, e o transformei em carro de corrida.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Meu primeiro grande negócio

Vivi muitas histórias no meu TL. Além disso, ele era objeto de desejo de muitos outros apaixonados por carros.
Um deles era proprietário da Monza Veículos, na época uma das maiores revendas de carro de Brasília, e de um Dodge Magnun 1979/80 branco, perfeito, e que queria dar o TL de presente de aniversário de 18 anos para seu filho Rômulo, que também era doido pelo carro. Fez de tudo pra comprar, mas sabia do valor sentimental que tinha pra mim e pra minha família. Mesmo assim ele não desistiu.

Na época, meu pai era proprietário de uma imobiliária que ficava em frente à Monza. Um dia esse cara estava com alguns amigos em frente à revenda e eu passei pra encontrar meu pai, que estava na calçada. O cara era tão doido pelo TL que gritou pra mim:
"-Quer trocar?" E apontou pro seu Dodge.
"-Eu quero", respondi na hora e dali mesmo estiquei a mão pra fechar o negócio.
Ele deu uma engasgada, e um dos amigos comentou:
"-Você não vai mijar pra trás no negócio com esse menino não, né? (afinal de contas eu tinha meus 18 e ele seus 50 e poucos anos)
Aí ele respondeu:
"-Não. Não vou não."
E me estendeu a mão.

Foi assim que realizei meu primeiro grande negócio!


O único problema é que, ao saber da notícia, minha mãe e minha avó choraram muito. Afinal era uma herança do meu avô, e todos tinham um apego enorme ao carro. Até minhas irmãs, que nem entenderam direito o que tinha acontecido choraram naquele dia! Ainda bem que meu pai me consolou dizendo: "Larga pra lá. O negócio foi bom!"

Esse Dodge foi meu primeiro V8, o que me fez ficar ainda mais apaixonado por esse motor! Era a maior sensação sair com ele, sem contar que, em plena crise do petróleo, sair com um carro daquele era muito mais que tirar onda!!!

Lembro que, no dia em que fui abastecer o carro, eu e meu pai fomos encher o tanque de 100 litros!!! O frentista olhou pra mim e disse: "Meu filho, esse tanque cheio é o valor do meu salário do mês!". Nunca vou me esquecer dessa cena e do que eu senti... Na verdade até hoje não sei bem, mas foi um misto de orgulho com vergonha.
Mais de orgulho, tenho que confessar...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Meu primeiro carro

Como eu disse, quando eu tinha 17 anos, meu pai comprou um Passat TS 1979 e acabei ficando com o Fusca 1500 Ocre Marajó 1973. Eu o considerava meu, pois era quem o usava, embora na verdade fosse do meu pai.
Neste mesmo ano meu avô faleceu e eu herdei o TL 1972 dele. ESSE foi meu primeiro carro!

No mesmo dia que o ganhei, coloquei 4 rodas palito com pneus Pirelli P6 195/60-14, e fiz várias outras alterações, gastando nele o valor equivalente a outro carro, eu imagino!
Só pra ter uma idéia, coloquei buzina a ar Fiam; teto solar de Karmann Ghia; jogo de bancos Procar 12; Voltímetro; Amperímetro; Conta Giros; Vacômetro; Volante F1; toca fitas TKR cara preta com equalizador Tojo GR 1.000; descarga de Puma; catraca de suspensão na dianteira para baixar (abaixei a traseira); farol de milha Sibier Serra 2; pintei todos os frisos cromados na cor do carro (azul diamante); pintei o forro de teto de preto; fiz um console e um tampão de som na traseira com dois auto-falantes 6x9 e dois twiter Selene1, de ferro. Nas portas dianteiras, instalei 2 auto-falantes 6" Triaxial.
Não é a toa que a galera ficava doida pelo carro! Apesar de ter dado muitos rolés nele e curtir bastante com os amigos, eu vivia cuidando, lavando todo dia, tomando cuidados mil pra que ele não se sujasse. A ponto de deixar de sair com a namorada em dias de chuva!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Infância e adolescência

Meu pai sempre teve muitos carros, mesmo nos tempos difíceis. Tenho lembrança de todos eles, embora alguns tenham me marcado mais, como o Dodge Dart 75 2 portas, 4 marchas , com ar e direção. Meu pai o adquiriu quando comprou uma casa de praia e ficou apertado.


Apesar disso, algumas das minhas melhores lembranças eram as viagens de Brasília a Guarapari, umas 3 vezes por ano. Foi aí que nasceu minha paixão pelo motor V8!

Também sempre fui louco por Landau, e meu pai teve vários! Inclusive um LTD impecável que pertenceu a um Senador e que, apesar de muito lindo, me deixou desapontado.
Eu tinha 15 anos e meu pai me disse que havia comprado um Landau 1976. Eu, como bom entendedor de Landaus, tinha o sonho (na verdade tenho até hoje) de ter um Prata Continental, com teto de vinil Prata, e achei que meu pai tinha comprado esse. Qual não foi minha decepção quando cheguei ansioso da escola, entrei no elevador do prédio, apertei o SS, fui direto pra garagem ver meu sonho ser realizado e encontro... um LTD MARROM, com teto de vinil PRETO!!! Eu esperando o carro de luxo dos meus sonhos e vem um intermediário. Até hoje lembro desse dia com um aperto no peito. Vai ver por isso detesto a cor marrom até hoje!


(Olha a diferença!!!)

Depois desse, meu pai teve um Landau 79 Cinza Executivo (igual ao que tenho hoje), um 81 Azul Clássico Metálico. Inclusive, o último Landau do meu pai foi um 82, também Azul Clássico Metálico.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Minha Paixão - Como tudo começou

Ninguém sabe ao certo como tudo começou. Nem mesmo eu...

Talvez tenha sido mesmo no outono de 1965, quando minha mãe, D. Regina, me colocou no berço, em meu quarto todo decorado com carrinhos. Ou talvez tenha sido pouco depois, durante as viagens que minha família fazia para todos os lugares a bordo de Corcel, Dodges, Landaus, Karmanns Ghia TC, e eu prestava atenção a cada movimento do meu pai na direção...




Uma coisa é certa: no dia em que meu pai me colocou no banco do motorista de um Passat LS 1975, nos idos de 1976, eu sabia exatamente o que fazer. Lembro como se fosse hoje! Para surpresa do Sr. Píndaro, meu pai, eu engatei a primeira e saí mansinho, mansinho, e andei por todo o sítio da família, em Lusiânia, GO. Estava com 11 anos.

Se é difícil definir o começo da minha paixão por carros, minha paixão por carros antigos é um pouco mais fácil: meu pai, que sempre gostou e possuiu carros do ano, estava em dificuldades financeiras e buscava oportunidades melhores. Por isso minha família toda se mudou de Juiz de Fora para Brasília, no dia 04 de julho de 1973. A viagem foi feita a bordo de um Chrysler Imperial 1947. Durante o caminho, vimos vários carros novos enguiçados à beira da estrada, e nosso "velhinho" firme e forte, do alto dos seus 26 anos! Lembro que meu pai ficou impressionado com a resistência do carro, e eu, irremediavelmente apaixonado!

Com o passar do tempo, minha família se estabeleceu em Brasília e meu pai foi trocando seus carros por modelos cada vez mais novos: um Aero Willys 69 branco, um Itamaraty 68 preto (perfeito!!!) até chegar ao Passat LS 1975 0Km. O da minha primeira vez!

A partir daí, ele passou a trocar de carro cada vez com mais frequência: Caravan 1976, Caravan Comodoro 1978 0Km, Dodge 78 e 79, Landau 81, 82 e 83. E, em todos esses anos, durante a crise do petróleo, fazia dobradinha com vários outros carros. Durante a semana usava o econômico, pra curtir o de passeio durante os finais de semana e nas viagens longas. Foram Chevettes, Fuscas e outros carros mais econômicos, sendo o último um Fusca 1500 Ocre Marajó 1973. Quando ele pôde comprar um Passat TS 1979 0Km, eu passei a usar esse Fusquinha. Eu tinha 17 anos.