Minha paixão por Mercedes começou quando eu tinha uns 5 anos e meu padrinho, que não era muito presente, foi lá em casa e me deu de presente um capacete com a logomarca de uma bandeira de posto de gasolina. Ele era o gerente desse posto. Quando foi embora, o acompanhamos até o carro e, adivinha qual era?
Uma bela Mercedes 1961- agora com conhecimento eu sei -, linda, novinha, branquinha. Fiquei com esta imagem para sempre: meu padrinho, meu capacete e a Mercedes.
Durante muito tempo fiquei impressionado com aquilo, afinal eu só via Vemag, Fusca, Simca e os Opalas, Galaxie, Dodges estavam apenas chegando... Anos depois, já com 18, fui a um casamento e a carro da noiva era uma Mercedes prata, linda, cujo dono a possuía há anos, mas só ficava na garagem. Eu já a conhecia, apesar de vê-la apenas pelo portão, pois, por coincidência, minha bisavó morava na mesma rua. Lembro que a garagem era no fundo do terreno e só dava pra ver a frente da Mercedes. Essa cena me marcava todos os fins de semana, quando visitávamos minha bisa. Eu esticava o olho para o fundo da garagem só pra ter uma visão da frente daquele carro. Na verdade, não sei se esse carro saía durante a semana e ficava guardado aos domingos, mas como esse era o dia da visita... E o carro estava sempre lá!
Poucos anos se passaram e um belo dia troquei um Landau em uma Mercedes com um cara chamado Roberto. Qual não foi minha felicidade quando percebi que essa Mercedes era A MERCEDES! Esse carro pertenceu ao dono do cartório da cidade por muitos anos e acabou caindo na minha mão! Levei esse carro de Juiz de Fora para Brasília morrendo de medo de andar nele, afinal Mercedes sempre foi um mito; ainda mais em uma época em que era proibido importar carros...
Meu pai ficou paralisado quando a viu. No dia seguinte, ele quis trabalhar com ela. Por azar, passou por cima da alça de um balde, que prendeu na roda e, enquanto o carro ia andando, a alça ia arranhando toda a lateral. Nunca mais ele andou nela!
Já se vão mais de 25 anos!
Depois vendi esta Mercedes para um funcionário do Senado Federal. Poucas vezes a vi depois disso, mas quando a via ficava todo orgulhoso em dizer que era minha.
Anos depois comprei uma do mesmo modelo, mas dourada.
Tive que vendê-la, mas nunca recebi o dinheiro. Soube mais tarde que ela foi apreendida cheia de cocaína...
Essas foram as minhas primeiras experiências com a marca Mercedes Benz. Uma Paixão Sem Fim!!!
Sempre pensei que, ao chegar no meu primeiro milhão de reais, eu seria um cara rico, sem mais ter que me preocupar se meu dinheiro seria suficiente para pagar as contas.
Bom, aos 43 anos, já tendo passado pelo primeiro milhão de reais, parei para analisar e percebi que nada está sendo do jeito que eu havia pensado. Se me virarem de cabeça para baixo, não cai uma só moeda! Afinal esse tão sonhado montante é formado pelo patrimônio que ao longo do tempo conquistei. Meus carros, casa e principalmente minha indústria.
Confesso que para chegar aqui não foi nada fácil! As pessoas que mais se beneficiam e que deveriam estar do meu lado torcendo e me ajudando são as que mais criticam e esquecem de falar coisas do tipo: "Aí, parabéns!!!" Sabem cobrar, virar a cara, debochar e dizer que eu não tenho jeito. Agora pergunto: jeito de quê???? Afinal eu não tinha nada, nem a roupa do corpo, pois em 1992 entraram em minha casa - digo casa emprestada no qual morava - e roubaram tudo! Tudo mesmo, até minhas roupas! Se tenho algo hoje foi com o meu "sem jeito" que consegui.
São coisas que magoam. Passei por muitos percalços e fiz muitos sacrifícios para conseguir chegar até aqui. E continuo fazendo todo dia! Mudei de cidade, de ramo. Passei muita raiva. Fui enganado. Deixei para trás muita coisa que me importava e que se importava comigo... E cada dia é um desafio diferente. Aliás, alguns são tão absurdos que há dias em que não me considero no mundo normal! Nem dá para acreditar. Quem é empresário num país como o nosso sabe exatamente o que estou falando!
Mas eu continuo lutando! Todo dia, contra tudo e quase todos. Não para juntar meu segundo milhão, mas para dar qualidade ao primeiro. Qualidade de vida. Qualidade de convivência. Saúde. Satisfação. Mas também reconhecimento.
RECONHECIMENTO...
E, é claro, prazer! Quero pegar meus carros, passear pela beira mar, montanhas ou onde mais der na telha e realmente curtir o momento! Andar pelos ferros-velhos da vida e descobrir tesouros. Pegar meu sax e tocar uma bela canção... São coisas pequenas assim que fazem minha vida valer a pena. Já fui arrogante, prepotente e, claro, criticado. Hoje, quando gosto mais de andar de kombi do que numa Mercedes E430 sou chamado de doido. Ora! Tenho tanto um quanto o outro, então me dou o direito de escolher.....
E tem mais! Penso que se conseguir fazer mais esse sonho acontecer, não só o primeiro milhão se valoriza ainda mais, mas o caminho se abre para o segundo, o terceiro...
Tudo começou com um Passat inteiraço que achei hoje pra comprar. Pesquisa daqui e dali na internet pra saber preços, peças e mais tudo o que a gente futuca mesmo e de repente viajei até meus tempos de piloto. Cheguei no site http://www.racecontrol.com.br/ e, qual não foi minha surpresa, achei meu nome entre verdadeiras feras do automobilismo!
Como sempre, passou um filme na minha cabeça!
Fiquei emocionado e honrado de aparecer entre figuras lendárias. Fora que lembrei dos parceiros que correram no meu carro, como o Rodrigo Otávio, o famoso Papagaio, de Goiânia e o Marco Aurélio Tarrafa’s, esse apelido por conta do restaurante que ele tinha em Brasília.